Futebol Feminino

Ser mulher é golear o adversário fora de casa

Ser mulher é golear o adversário fora de casa

No Mês da Mulher, uma reflexão sobre a força e a garra que cada uma tem dentro de si

Mulheres já foram impedidas de jogar futebol porque poderiam prejudicar o instinto maternal. Mulheres já foram queimadas vivas porque protestavam por melhores condições de trabalho. Mulheres já foram atração de circo porque jogavam futebol melhor do que os homens. Mulheres já foram queimadas vivas porque tinham conhecimentos sobre livros e ciência.

Desde que o mundo é mundo, mulheres são julgadas pelo simples fato de terem nascido com o sexo feminino. Esses são apenas alguns exemplos reais de que há pouquíssimo tempo, mulheres viviam às margens da sociedade, sem voz e sem vez.

Por isso, neste Mês da Mulher, resolvi escrever esse texto como uma reflexão sobre o que é ser mulher e o que é viver em uma sociedade majoritariamente moldada por homens. Já imaginou o quanto isso impacta no modo como vivemos hoje?

Um exemplo simples é o nosso bom e velho futebol. E se quando a modalidade surgiu, ele tivesse sido apresentado de cara para homens e mulheres, com times mistos e sem fazer distinção entre os sexos? Será que teríamos tantos pré-julgamentos e apontamentos ao longo do tempo para aquelas que assumissem o amor pela modalidade?

Será que se as mulheres fossem vistas com igualdade desde sempre, teríamos a proibição da prática do futebol para os homens também, como já aconteceu com elas? Eles seriam atração de circo, vistos como objetos sexuais simplesmente por praticarem um esporte?

Todas essas suposições nos mostram o quanto ser mulher é desafiador. É o que o título deste texto afirma, ser mulher é naturalmente golear o adversário fora de casa. E o que isso quer dizer?

Sabe aquele jogo que não te dá muita opção? Ou você ganha ou acabam ali todas suas perspectivas? Além dos agravantes que a disputa já possibilita, mulheres ainda têm que emplacar vitórias no campo do inimigo, quando tudo é desfavorável… quando há julgamentos e quando o mundo continua apontando.

Mulheres precisam fazer gols quando a casa é do adversário, todas as condições são desfavoráveis e o rival tem muito mais regalias e benefícios. Mesmo com tudo isso, o time feminino faz golaços em territórios desconhecidos porque tem vocação para a coragem, para a garra e para a determinação e também porque nós, mulheres, aprendemos que ou é isso ou não teremos espaço nas divisões mais disputadas.

Quem nasce mulher aprende a golear desde sempre, porque ou a gente goleia ou voltaremos ao início deste texto, um relato sobre a história das mulheres que mais parece ficção.

No mês da mulher, quero lhe mostrar que quando você dá um passo de empoderamento e de orgulho em ser mulher e realizar sonhos sendo mulher, você faz muito mais do que realizar objetivos, você contribui para que impunidades não mais aconteçam pela distinção de gênero.

Ser mulher é difícil, dá galos, dá tombos, dá sofrimento e muitos obstáculos a serem superados, mas quando a vitória vem a recompensa é em dobro. Dá aquele orgulho de dizer que somos descendentes daquelas boleiras proibidas de jogarem futebol que enfrentaram a lei por amor ao esporte, para que décadas depois, aqui estivéssemos nós.

Mulheres, sintam-se homenageadas. Sua representação feminina é um golaço!

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