Futebol Feminino

Por que o futebol ainda não vê mulheres como competidoras?

Por que o futebol ainda não vê mulheres como competidoras?

Pouco se fala sobre para a sociedade equiparar a opinião sobre atletas homens e atletas mulheres. Que tal deixarmos a bola rolar sem estereótipos?

Nas últimas décadas, as mulheres conquistaram muito espaço e direitos, mas o que ainda não foi extinto da sociedade é o machismo estrutural extremamente enraizado na nossa cultura.

Quando uma mãe não deixa a filha jogar futebol porque ela pode ficar masculinizada, isso é machismo estrutural. Quando uma menina para de jogar bola para não enfrentar comentários sobre a sua opção sexual, isso é machismo estrutural. Já quando uma jogadora é vista como uma simples praticante do esporte e não como competidora, isso também é machismo estrutural.

Existe um mito que mulheres só jogam futebol para emagrecerem ou socializarem. Pouco se falar sobre a garra feminina em campo, a coragem, a gana e a sede pela vitória. O futebol e o mundo ainda têm o péssimo hábito de subestimar a fortaleza delas no esporte e reduzi-las a frágeis, delicadas e que aguentam menos que os homens nos gramados e na vida.

O machismo estrutural é tão evidente em nossa cultura que é muito comum vermos meninas e mulheres que também não se enxergam como competidoras e que não reconhecem seu valor, o que reflete na vida profissional, pessoal e também nos jogos.

Muitos treinadores e times já notaram esse comportamento comum nas jogadoras, em todas as idades e em diversas modalidades, sobretudo no futebol feminino. Por isso, o despertar do espírito competidor feminino, tem sido um tema importante na abordagem durante os treinos.

O Instituto Bola Pra Frente, referência em esporte para o desenvolvimento no Rio de Janeiro, tem usado a estratégia de oferecer vivências e competições de modalidades não tradicionais para desenvolver a competitividade das participantes. Preocupadas em como essa testagem de suas habilidades vai interferir no futebol, as jogadoras apresentam mais confiança ao jogarem com menor pressão social.

Que tal deixarmos a bola rolar sem estereótipos? Vamos limpar nossas cabeças dos modelos impostos pela sociedade e começar a encarar o futebol e a vida com menos tabus e opiniões pré-definidas?

Meninas e mulheres são sim competidoras. Mas isso não é ruim, não confundam a competição boa em campo, com a competição por homens, por padrão de beleza e por rivalidades que não agregam. Uma disputa ruim que o machismo estrutural nos fez acreditar que existe e ainda impera com muita força em nossos julgamentos cotidianos.

Só depende de nós que a próxima geração seja de mulheres que ajudam a levantar outras mulheres. De meninas que vibram pelo gol de outras meninas. De jogadoras que jogam mais ou melhor que jogadores e aguentam os mesmos dribles, os mesmos lances e têm direito às mesmas vitórias.

Ainda falta muito para a sociedade equiparar sua opinião sobre atletas homens e atletas mulheres, mas cada vez que trouxemos esse assunto em debate, estaremos um passo mais perto do golaço em favor das mulheres.

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