Futebol Feminino

Mulheres brasileiras ainda jogam pouco futebol

Mulheres brasileiras ainda jogam pouco futebol

Mesmo com os inúmeros benefícios da prática esportiva, o país do futebol é um dos que menos praticam o esporte na categoria feminina

Gradativamente, o futebol feminino tem ganhado seu espaço ao sol e aos olhos da grande mídia – a transmissão da Copa do Mundo de futebol feminino, pela primeira vez na história em grandes canais abertos, é prova disso.

Contudo, os números mostram que o futebol para mulheres ainda é pouco praticado, mesmo no país do futebol, faltam incentivos, patrocínios e representatividade.

Na CBF, o quadro de arbitragem conta com 17 árbitras. Oito dessas profissionais podem apitar a primeira divisão do futebol brasileiro; homens são 42. Em 2017, foram 35 homens convocados para trabalhar na série A, mas nenhuma mulher foi escalada.

Apenas em 2018 houve a primeira treinadora na CBF, Nilmara Alves, incumbida da liderança de uma equipe masculina na época. Na última Copa do Mundo, das 24 seleções que participaram do campeonato, apenas nove eram comandadas por mulheres.

Em estudo feito em 2017 pela Cultura nas Capitais, revelou que a proporção de mulheres que jogam futebol é de seis vezes menos que os homens.

Contudo, quando elas praticam o esporte, são mais assíduas que os homens: 29% delas jogam pelo menos três dias por semana, contra 19% entre os homens, segundo a pesquisa da JLeiva em São Paulo.

Um tabu histórico

Esse cenário ainda com pouca participação feminina, é um retrato de uma prática esportiva que até poucas décadas atrás, era proibida para mulheres brasileiras. Isso mesmo, o futebol feminino era proibido no país.

Assinado por Getúlio Vargas em 14 de abril de 1941, durante a ditadura do Estado Novo, o artigo 54 do decreto-lei 3.199, afirmava que ”às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.

Em outros países, como Inglaterra e Alemanha, também houve proibições até a década de 70, quando foi criada a Federação Internacional do Futebol Feminino. A revogação do decreto de Vargas só foi feita em 1979, quando as atletas puderam procurar profissionalização e incentivos, apesar da grande resistência da sociedade e do mercado, após tantos anos de proibição.

Mais publicidade para o futebol feminino

Se em outros tempos, as marcas se recusavam categoricamente a investirem no mercado do futebol, atualmente, com o empoderamento feminino e o protagonismo da mulher frente a diversas áreas do mercado, a publicidade tem olhado com novos olhos o futebol feminino.

A Copa do Mundo de 2019 foi exemplo disso. O Grupo Boticário lançou um movimento chamado “Com você eu jogo melhor”. A campanha convocava empresas e torcedores a apoiarem a Seleção Brasileira de futebol feminino.

Durante o campeonato, outra ação publicitária que revolucionou e mudou a forma como as marcas investem no futebol feminino, teve como protagonista a jogadora Marta, que foi para os jogos com batons de cores fortes. Marta foi garota-propaganda de um batom líquido da marca de cosméticos Avon. O produto promete ser resistente e ter 16 horas de fixação, algo que pôde ser comprovado mesmo depois do grande esforço físico realizado pela melhor jogadora do mundo.

Apesar das mudanças, a categoria ainda está muito longe do cenário ideal. A Fifa colocou 400 milhões de dólares (cerca de R$ 1,5 bilhão) à Copa do Mundo masculina de 2018, na Rússia. Já a Copa do Mundo de futebol feminino teve o orçamento de 30 milhões de dólares (R$ 111,6 milhões). Mesmo o valor sendo muito inferior quando comparado ao masculino, foi o dobro do investimento na competição de 2015.

Jogue com uma garota e mostre ao mundo que futebol não tem gênero. Futebol tem benefícios, diversão e muita saúde.

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