Futebol Feminino

Há exatos 80 anos o futebol feminino era proibido no Brasil

Há exatos 80 anos o futebol feminino era proibido no Brasil

Por iniciativa do presidente Vargas, o decreto-lei dizia sobre a proibição de mulheres à prática de determinados esportes, devido às características da “natureza feminina”

Quando o futebol feminino se tornou atração de circo no início do século XX, arrastando multidões para verem mulheres com habilidades incríveis nos gramados, nunca se imaginou que um dia, a modalidade teria sua prática proibida em todo o Brasil.

Mas esse dia chegou e aconteceu há exatos 80 anos. A iniciativa foi do presidente Getúlio Vargas que nos anos 40, começou a receber cartas de homens indignados com a efervescência da categoria que estava se tornando cada vez mais popular entre mulheres do subúrbio carioca e paulista.

A popularidade era tanta que um jogo feminino foi preliminar à disputa entre São Paulo e Flamengo que se enfrentaram no recém-inaugurado Pacaembu. Outro fato marcante da época que deu o que falar foi a partida entre Cassino do Realengo e Sport Club Brasileiro que na época, levou 65 mil pessoas à capital paulista e foi decisiva para que os conservadores da época se movimentassem e a proibição do futebol feminino no país se tornasse uma realidade.

 “O equilíbrio psicológico das funções orgânicas [da mulher], devido à natureza que a dispôs a ‘ser mãe'”, dizia uma das cartas publicadas no jornal carioca Diário da Noite, que fez Vargas se movimentar para que a proibição acontecesse.

O Governo Federal assinou então, em abril de 1941, o decreto-lei que criou o Conselho Nacional de Desportos (CND). O artigo 54, diz sobre a proibição às mulheres para a prática de determinados esportes, devido a características próprias da natureza feminina. Em pleno Estado Novo, não era muito prudente desafiar o presidente.

A proibição durou 38 anos e interrompeu o crescimento de uma modalidade que caminhava a passos largos, com igual destaque a do futebol masculino. Contudo, essas quase quatro décadas de interrupção da modalidade no Brasil, fizeram com que o futebol regredisse e se tornasse motivo de preconceito para muita gente.

Coincidentemente, o time brasileiro pioneiro na categoria foi o Vasco da Gama, que descobriu a recordista de gols no mundo entre homens e mulheres, Rainha Marta.

O Vasco se destacou no subúrbio do Rio de Janeiro sendo oportunidade ainda em 1923 para que torcedoras fizessem mais com suas paixões pelo futebol, amarrassem as chuteiras e entrassem em campo também como jogadoras.

Nesse sentido, o Vasco contava com destacadas equipes femininas nos anos de 1923, 1925 e 1929.

Muitas mulheres foram presas e censuradas na época por se recusarem a deixar o futebol de lado, entre elas Dona Carlota, figura central no desenvolvimento do futebol feminino no subúrbio.

Foi ela a responsável por organizar viagens a jogos de futebol feminino. Dona Carlota foi convidada até para fazer excursões com suas equipes por Buenos Aires e Montevidéu.

Mas a história dela é assunto para um próximo texto. Não percam!

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