ENEM debate desigualdade no futebol falando sobre salários de Marta e Neymar
O assunto ganhou ainda mais visibilidade ao ser criticado pelo presidente Bolsonaro. Segundo ele, os pagamentos não devem ser comparados, uma vez que o “futebol feminino não é uma realidade no Brasil”
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) – a maior prova para avaliação do ensino no Brasil, foi realizado no último domingo, 17, e surpreendeu ao debater um assunto muito atual e que sempre abordamos por aqui, a desigualdade entre homens e mulheres no futebol.
A questão de número 44 da disciplina de língua portuguesa, pedia que os alunos interpretassem uma reflexão sobre o mundo do futebol. O texto dizia:
“O suor para estar em competições nacionais e internacionais de alto nível é o mesmo para homens e mulheres, mas não raramente as remunerações são menores para elas. Se no tênis, um dos esportes mais equânimes em termos de gênero, todos os principais torneios oferecem prêmios idênticos nas disputas femininas e masculinas, no futebol a desigualdade atinge seu ápice. Neymar e Marta são dois expoentes dessa paixão nacional. Ela já foi eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo pela FIFA. Mas é na conta bancária que a diferença entre os dois se sobressai.”
A análise apareceu na prova do ENEM acompanhada de uma foto com o título “Quanto vale o gol” em que Marta e Neymar apareciam em campo com dados do futebol sobre a imagem. Os números de 2017, relatavam:
- Marta – salário anual US$ 400 mil | 103 gols pela Seleção | US$ 3,9 mil por gol;
- Neymar – salário anual US$ 14 milhões | 50 gols pela Seleção | US$ 290 mil por gol.
Na questão múltipla escolha, os alunos tinham que interpretar a mensagem do texto e da imagem, um debate importante que trouxe a discussão da desigualdade no esporte para o âmbito nacional, na maior prova do país.
Mas o que tumultuou ainda mais o assunto foi a crítica do presidente Jair Bolsonaro sobre a escolha da questão para o exame.
“Você vê as provas do Enem. O banco de questões do Enem não é do meu governo ainda, é de governos anteriores. Tem questões ali ridículas ainda, ridículas, tratando de assuntos… Comparando mulher jogando futebol e homem, porque a Marta ganha menos que o Neymar. Não tem que ter comparação. O futebol feminino ainda não é uma realidade no Brasil. O que o Neymar ganha por ano todos os times de futebol junto no Brasil não faturam por ano. Como que vai pagar para a Marta o mesmo salário? Isso chama-se iniciativa privada. Ela que faz o salário, ela que mostra para onde o mercado deve ir”, disse Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio Alvorada.
Nos stories do seu Instagram, a rainha Marta postou uma foto em que aparece treinando com a camisa da Seleção Brasileira e rebateu as críticas do presidente. “Uns serão lembrados como os melhores da história, já outros…”
