Futebol Feminino

Dirigentes do futebol feminino do Afeganistão temem pela própria vida

Dirigentes do futebol feminino do Afeganistão temem pela própria vida

Com a ocupação recente do Talibã no país, vários dirigentes da categoria estão pedindo asilo na Índia com medo de não sobreviverem às represálias do movimento fundamentalista

Com a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão e a ocupação do Talibã em Cabul, capital do país, o medo e a violência começam a voltar para as ruas afegãs. As mulheres podem ser um dos grupos que mais perderão direitos, com a proibição de estudarem, votarem, usarem outras roupas além de burcas e transitar livremente sem a presença de parentes homens.

Tantas limitações podem ser justificadas porque o grupo fundamentalista impõe suas leis baseadas na interpretação radical que faz do islamismo, na qual a mulher não possuía praticamente nenhum direito.

Por isso, a preocupação de que com os talibãs dominando o Afeganistão, jogadoras e dirigentes do futebol feminino sofram represálias e percam até a própria vida, simplesmente pelo fato de praticarem e incentivarem o esporte no país.

Por conta da atuação do grupo no Oriente Médio, espera-se que as restrições em relação às liberdades e garantias das mulheres sejam cada vez maiores. E todos que incentivaram o empoderamento também podem sofrer com o radicalismo do Talibã.

O presidente da Federação de Deli e ex-dirigente da FIFA, Shaji Prabhakaran, afirmou em declarações para a imprensa que pediu asilo à Índia, depois te terem feito contato com o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Por enquanto, ainda aguardam retorno sobre o acolhimento.

“Tenho encorajado outras jogadoras a suspender suas contas nas redes sociais, apagar fotos, fugir e se esconder. Isso parte meu coração, porque em todos esses anos trabalhamos para aumentar a visibilidade das mulheres. Agora, estou dizendo às minhas garotas no Afeganistão para que se calem e desapareçam. Suas vidas estão em perigo”, declarou Khalida Popal, em entrevista à Associated Press, na última segunda, 16 de agosto.

A jogadora Khalida Popal é uma jogadora de futebol feminino afegã, atualmente exilada na Dinamarca. Ela precisou fugir de seus país em 2011 como consequência de ameaças que recebeu por liderar iniciativas de divulgação da modalidade e do papel da mulher no esporte e na sociedade.

Mesmo depois de sair do Afeganistão, a jogadora continuou em contato com antigas colegas de time e denunciou vários abusos sexuais e violações da parte de dirigentes e treinadores quando as jogadoras tinham apenas 15 ou 16 anos. Entre os crimes, assédios sexuais praticados por dois antigos presidentes da federação.

Popal foi capitã da seleção principal e diretora da federação de futebol feminino do Afeganistão. Atualmente a jogadora pede que as garotas apoiadas por seus programas fujam de suas casas e se escondam, enquanto isso as conquistas do futebol feminino correm muitos riscos com a volta do Talibã ao poder.

“Os talibãs já controlam Cabul e a situação está muito sinistra. O aeroporto ainda é um local seguro, mas os talibãs vão bloquear tudo mais cedo ou mais tarde”, contou o dirigente Shaji Prabhakaran ao Outlook on Sunday da Índia.

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