Futebol Feminino

Lesbofobia no futebol feminino: uma questão urgente

Lesbofobia no futebol feminino: uma questão urgente

Apesar da diversidade de que é formada o esporte, os estereótipos de gênero continuam criando obstáculos para a categoria e para as atletas

Se você está lendo esse texto, provavelmente joga ou gosta de futebol feminino. Acertei? Agora se você se interessa pela modalidade, com certeza já ouviu alguma piadinha maldosa sobre sua opção sexual simplesmente pelo fato de se interessar pelo esporte, não é mesmo?

Infelizmente essa é uma realidade que todas nós enfrentamos quando dizemos que praticamos futebol feminino. Essa é uma verdade para boleiras amadoras ou mesmo profissionais, que além das baixas remunerações, falta de patrocínios e incentivos e diversos estereótipos ditados às atletas, também convivem com a lesbofobia dentro e fora dos gramados.

No dicionário, lesbofobia é a repulsa ou preconceito contra a homossexualidade feminina ou contra as mulheres homossexuais.

“O futebol feminino é um tremendo terreno fértil para o lesbianismo”, disse Gabriel Camargo, presidente do time colombiano Tolima em 2018. São esses tipos de declarações que querem colocar o futebol em uma caixa e impossibilitam o desenvolvimento da categoria. Essa frase é só uma das muitas que reiteram os estereótipos e trazem uma perspectiva machista da sociedade para o esporte.

Tal realidade talvez possa ser explicada pelo fato de que durante quatro décadas, de 1941 a 1979, as mulheres foram proibidas de praticar futebol no Brasil. Culturalmente meninas foram criadas sem poderem jogar e quando o faziam – até pouco tempo atrás – tinham sua sexualidade questionada e prontamente eram censuradas sobre o amor pela categoria, para que buscassem um “esporte menos masculino”, como o vôlei.

Escolinhas de futebol para meninas passaram a ser realidade há pouquíssimo tempo e logo – quando uma de nós ousa entrar em campo – somos sempre atacadas, seja por nosso desempenho, pela nossa aparência e na maioria das vezes, julgadas pela preferência sexual a qual optamos.

Essa é uma questão urgente, a lesbofobia precisa deixar de ser uma realidade em nosso meio, afinal de contas, quem nunca ouviu de pais e mães que não deixaram que suas filhas praticassem o futebol para que elas não se tornassem lésbicas?

Quem nunca escutou que no meio do futebol feminino todas se tornam gays? Essas questões são de foro individual e em nenhum momento devem pautar estereótipos e preconceitos relacionados à prática do esporte.

A opção sexual é de decisão única de cada atleta e em nossa sociedade machista e patriarcal é usada para ditar padrões que visam estereotipar e não deixar que a modalidade cresça, vibre, entusiasme e ganhe cada vez mais destaque.

A lesbofobia dentro e fora dos gramados é uma realidade e não pode ser neutralizada porque ainda temos uma sociedade que não se acostumou que mulheres podem praticar o esporte que quiserem e homens também devem se envolver em culturas até pouco tempo destinadas à mulher, como o balé e o sapateado, se assim quiserem.

Lesbofóbicos não passarão. Vamos nos unir cada vez mais para que cenários como esse não se repitam e não emperrem o amor feminino pelo futebol. Não basta não ser preconceituoso, precisamos ser antipreconceituosos.

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