Futebol Feminino

Como surgiu o futebol feminino no Brasil?

Como surgiu o futebol feminino no Brasil?

Mais do que falar de gols, jogadoras e times, falar da história do futebol feminino é relembrar quebras de paradigmas e mudanças importantes na nossa cultura

Não dá nem para acreditar, mas até 1979, o futebol feminino era proibido no Brasil! Isso mesmo, mulheres que jogavam futebol em terras tupiniquins eram motivo de polícia.

O futebol feminino começou a ser praticado por aqui em meados dos anos 20, nos picadeiros de circos país à fora. Mulheres que jogavam futebol, faziam embaixadinhas, marcavam gols e animavam a torcida com ginga e bola no pé, eram atrações circenses que chamavam a atenção, afinal de contas, era uma quebra de paradigmas antes nunca vista e que garantiam muitos expectadores no respeitável público.

Logo que chegou no Brasil, o futebol feminino era visto como todos os outros esportes, símbolo de saúde, diversão e sem limitação de gênero. Nos circos, a modalidade se tornou sinônimo de emancipação das mulheres e manifestação cultural do nosso povo. A prática deste esporte tinha até um certo glamour para a época, porque como o futebol havia vindo da Inglaterra, representava um status de modernidade e sofisticação para os jovens da época.

Mas não tardou para que o retrocesso viesse prejudicar a modalidade e sua difusão por terras brasileiras. Em 1941, o então presidente da república, Getúlio Vargas, instituiu um decreto-lei que proibia a prática do futebol para mulheres, porque a atitude era subversiva e contra a natureza feminina.

A partir deste momento, o decreto-lei criou preconceitos e estigmas que prejudicam o desenvolvimento do futebol feminino brasileiro até hoje. Não existia uma fiscalização oficial para mulheres que praticavam a modalidade, mas a própria sociedade se sentiu no direito de fiscalizar e apontar aquelas que tinham a coragem de jogar mesmo assim.

Só 40 anos mais tarde, a modalidade deixou de ser proibida para elas, mas as décadas de impedimento trouxeram inúmeros atrasos para o esporte e uma regulamentação oficial só aconteceu em 1983, permitindo e adequando com direitos e deveres a prática de futebol por mulheres.

A primeira Seleção Brasileira de futebol feminino

A primeira Seleção Brasileira de futebol feminino disputou sua primeira partida em 1986, quando enfrentou os Estados Unidos em um amistoso internacional e foi derrotada por 2 a 1.

Nas oito Copas do Mundo que aconteceram até hoje, o Brasil participou de todos os mundiais na história da modalidade, o primeiro deles foi em 1991 na China, quando o time histórico formado por Roseli, Adriana, Márcia Taffarel, Pretinha e tantas outras, fez história ao vencer a primeira partida da Seleção Feminina em uma Copa do Mundo – 1 a 0 sobre o Japão. O Brasil foi derrotado nos dois jogos seguintes, diante de Estados Unidos e Suécia, e ficou em terceiro lugar no Grupo B, onde apenas as duas melhores equipes avançavam.

Mais do que falar de gols, dribles, jogadoras e times, temos que falar de todas as mudanças históricas que as precursoras do futebol feminino conquistaram até aqui para que nós tivéssemos o direito e a felicidade de jogar.

Não podemos esquecer que a história do futebol feminino no Brasil e no mundo, está amplamente atrelada às mudanças de paradigmas, a resistência feminina e ao empoderamento de mulheres que fizeram história sem nem perceber, porque brigaram pelo direito de praticar um esporte e se divertir em campo, para que depois delas, pudessem existir jogadoras de futebol amadoras ou profissionais, que mostrassem ginga e alegria com os pés, sem enfrentarem julgamentos, preconceitos ou estereótipos. Falar da história do futebol feminino é respeitar nossas conquistas até aqui e lembrar que podemos fazer muito mais pela categoria, porque equipe que permanece unida, ganha jogos unidas. Vamos fazer história batendo bola?

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