Futebol Feminino

Caso Robinho e a cultura do estupro, dentro e fora dos gramados

Caso Robinho e a cultura do estupro, dentro e fora dos gramados

O jogador, condenado em 1ª Instância por estupro, culpou o feminismo e a imprensa pela repercussão negativa do seu nome nos últimos dias

Na última semana, uma onda de indignação e críticas envolvendo o nome do jogador de futebol, Robinho, tomou conta das redes sociais e da imprensa.

O ex-craque do Santos, que voltaria a atuar no clube, foi condenado a 9 anos de cadeia pela Justiça da Itália, pelo estupro coletivo de uma mulher albanesa em Milão em 2013.

A vítima foi violentada enquanto estava embriagada e 6 homens fizeram parte do crime, incluindo Robinho. Apesar da condenação do jogador ter acontecido no início de 2017, só agora a condenação teve repercussão, porque áudios e transcrições da conduta de Robinho durante o estupro, vieram a público na última semana.

Menos de uma semana após a assinatura do contrato para voltar a jogar no Santos, o jogador teve a contratação rescindida. O time cedeu à pressão popular e resolveu não ter como ídolo principal o jogador condenado.

O Caso Robinho ressalta o quanto a nossa sociedade está diretamente ligada à cultura do estupro, não só dentro dos gramados, mas também fora. Isso quer dizer que ainda, há mais julgamentos envolvendo a vítima do que o acusado, quando existe algum tipo de crime de assédio ou estupro.

As justificativas usadas pelo jogador para responder aos apontamentos da mídia, culpam o feminismo e a imprensa pelas notícias envolvendo seu nome. O que destaca ainda mais como a cultura do estupro é forte no Brasil e no mundo.

Em uma situação dessas, ao invés das pessoas serem absolutamente contra o estuprador e a favor da vítima, muitas vezes, elas colocam em cheque quem mais sofre diante de um crime horrível como esse: a pessoa abusada. Durante toda essa polêmica, um dos pontos mais comentados pelas pessoas é que a mulher vitimada estava embriagada, mas e se fosse o contrário?

Ao pé da letra, a cultura do estupro é quando violência sexual é normalizada e relativizada pelas atitudes da cultura popular e condutas da sociedade. Ao disseminar opiniões e termos que denigrem as mulheres, a cultura do estupro passa adiante a mensagem de que a mulher não é um ser humano, e sim uma coisa, como aconteceu no caso Robinho, onde o jogador tentou passar para a mídia a imagem de que a vítima mentiu e que tentou “seduzi-lo”, colocando-se como a própria vítima.

Violência contra a mulher é rotineira no futebol

Vire e mexe, as notícias relacionadas ao futebol trazem manchetes com jogadores acusados de praticarem crimes de violência contra a mulher.

Uma das notícias recentes que deram o que falar foi a de que o jogador Neymar teria estuprado uma mulher em um quarto de hotel em Paris, na França. Depois de muita repercussão e péssimas impressões do PSG, soube-se que o jogador era inocente.

Outro caso com repercussão mundial foi quando o ex-goleiro do Flamengo, Bruno, mandou matar a modelo, Eliza Samúdio, um dos casos mais famosos de violência contra a mulher no futebol.

Até o craque internacional. Cristiano Ronaldo, se envolveu em violência contra a mulher. Acusado de se envolver em um estupro nos Estados Unidos, o jogador encerrou o problema pagando 375 mil dólares – cerca de R$ 2 milhões atualizados – a Kathryn Mayorga, uma professora que ele conheceu no dia do estupro.

Assim como o futebol feminino vem quebrando paradigmas, que a nossa sociedade comece a enxergar a cultura do estupro como algo abominável e completamente inaceitável, como foi desta vez, no caso Robinho. Que os times, como fez o Santos, tenham tolerância zero a estupradores, agressores e criminosos que não podem estar em cargos de evidência e correrem risco de se tornaram maus exemplos travestidos de heróis.

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