Futebol Feminino

Uma reflexão para todo e qualquer treinador de futebol feminino

Uma reflexão para todo e qualquer treinador de futebol feminino

Esse texto é destinado aos profissionais que de modo direto ou indireto, contribuem para a modalidade que existe hoje, no Brasil e no mundo

Eu sou uma de vocês. Estou na lida diária do futebol feminino. Sinto as mesmas dificuldades que vocês, tenho as mesmas frustrações, certamente compartilho das mesmas alegrias e sei exatamente o que é investir tempo, dedicação, crença e dinheiro no futebol feminino.

Por isso mesmo resolvi escrever esse texto, destinado não apenas aos apaixonados pelo esporte, mas principalmente aos treinadores de futebol feminino, aqueles que estão na linha de frente desta modalidade que quebra tabus e contribui e muito para a discussão que esporte não tem gênero, nem limitação.

Aos meus colegas de sonho e vocação, digo: não tenham medo de ousar, não tenham medo de se diferenciar, não tenham medo de fazer, inventar e reformular o futebol como nunca antes foi visto.

Nós temos uma enorme responsabilidade nas mãos, a de formar gerações de meninas independentes, dedicadas, guerreiras e que não abaixam a cabeça porque o gol não emplacou ou porque ouviram um comentário maldoso sobre a sua prática esportiva.

Treinadores de futebol feminino lapidam o que há de melhor em cada atleta, que muitas vezes não tinha sido notado antes, por tabus, preconceitos e intolerâncias. Está nas nossas mãos começar a construir a modalidade que deveria ter sido iniciada há séculos, junto com o futebol masculino, mas por proibições e distorções, ficou à sombra do potencial que elas têm e que agora, tem ficado mais evidente.

A responsabilidade de incentivar, entusiasmar, empolgar e quebrar paradigmas que toda menina enfrenta é nossa, treinadores. É com a gente que os pais e elas têm o primeiro contato, com o esporte em si – com o rendimento, dificuldades, treinos e desempenhos – além do contato com os valores de uma sociedade patriarcal que vai aos poucos, moldando novas atitudes, conceitos e afirmações para as novas gerações.

Escrevo esse texto não como a “senhora da razão”, mas como uma mulher que sofreu na pele o que nossas meninas enfrentam quando escolhem o futebol. Relato aqui hoje, que o nosso desempenho treinando essas meninas é muito mais do que ensiná-las a fazer gols, cobrar pênaltis ou marcar faltas. É a partir de nós que atletas fortes e combativas se destacarão e aparecerão.

Martas, Formigas, Cristianes e tantas outras estrelas da modalidade, não surgiram à toa. Elas tiveram ao seu lado um treinador para sonhar com elas, um professor para estender a mão e um impulso para irem adiante quando o mundo limita e cria empecilhos.

Treinadores, nós temos nas mãos, o futuro dessas meninas e o avanço desta modalidade. Não digo que é fácil mudar pontos de vistas e características profundas impregnadas em nossa sociedade há séculos, mas a mudança é possível e começa toda vez que olhamos para uma garota e a incentivamos a fazer mais e melhor.

Fazer história no futebol começa pela resiliência de uma atleta e pela sensibilidade de um treinador. Que a partir desta reflexão, profissionais de todas as partes e atuações, encarem com um novo olhar e uma diferente missão o ensino do futebol e do empoderamento feminino.

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