Futebol Feminino

Por que precisamos falar sobre a falta de patrocínio de Marta?

Por que precisamos falar sobre a falta de patrocínio de Marta?

A jogadora aderiu à campanha “Go Equal”, que luta por mais igualdade no pagamento de salários às atletas do futebol feminino em geral

Dá para acreditar que em pleno ano de 2021, mulheres ainda ganham menos do que os homens no mundo do futebol? Pois é. Para nós, boleiras, que amamos o futebol e vibramos com as conquistas femininas no esporte, isso já é uma realidade – triste – nos times de base e divisões menos badaladas, mas é de se estranhar que grandes atletas como Marta, com a mesma visibilidade e desempenho dos homens, ainda ganhem menos para disputar grandes campeonatos mundiais, como as Olimpíadas.

Estamos falando isso porque a desigualdade de remuneração no esporte ficou evidente nos últimos dias, quando a rainha Marta, eleita a melhor jogadora de futebol do mundo por seis vezes, a maior artilheira de Copas do Mundo, entre homens e mulheres e a maior artilheira da Seleção Brasileira, superando até mesmo o rei Pelé, teve que estrear nos Jogos Olímpicos sem representar nenhuma marca.

Isso porque as cotas de patrocínio oferecidas a ela foram muito menores aos valores obtidos por grandes atletas do futebol, como Messi e Neymar. Por isso, Marta aderiu à campanha “Go Equal”, um movimento que luta por remunerações mais justas para jogadoras.

No futebol, quando um jogador usa chuteiras pretas significa que ele é um atleta de respeito. Com a exceção de um símbolo azul e rosa que faz parte de uma campanha pela igualdade de gênero, Marta usou calçados pretos e sem patrocinadores esportivos nos jogos que disputou durante as Olimpíadas.

Sem o patrocínio de gigantes do segmento, como Nike, Adidas e Puma, a rainha preferiu disputar o torneio sem nenhum patrocínio, uma forma de protesto sobre as desigualdades de gênero que ainda existem e interferem profundamente no desenvolvimento do futebol feminino.

Na Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019, na França, a jogadora já teve que entrar nos gramados sem patrocínio. “Estou usando a mesma chuteira. Com o mesmo símbolo, o ‘Go Equal’. E continua sendo uma opção minha. Não é só pelo dinheiro em si, é toda uma história. Mas muitas vezes, os contratantes da patrocinadora não enxergam esse lado. É um conjunto de coisas para a minha decisão. E posso ver que, por outro lado, isso ajudou outras atletas”, comentou Marta.

O posicionamento da atleta nos mostra a importância da resistência para grandes conquistas no futebol feminino. A atitude de Marta certamente abriu caminhos para que outras atletas também percebessem que não devem aceitar remunerações inferiores à dos homens e para mostrar às mulheres de todas as realidades que não devem aceitar menos do que aquilo que todos têm direito, dentro e fora dos gramados.

Em tempo, a Adidas, patrocinadora oficial da Copa Feminina, tem contrato em vigor com cerca de 40 atletas e foi a única marca a dar um pronunciamento favorável após a bandeira levantada por Marta. O diretor-geral da Adidas no Brasil, Frederic Serrant, afirmou que patrocinar Marta é uma opção a ser considerada pela marca, mas até o momento nada mudou.

Embora a rainha não tenha firmado patrocínio com nenhuma marca tradicional do mercado esportivo, a atleta tem sido amplamente procurada por empresas fora do meio. Uma delas é a Avon que desde a Copa do Mundo da França, patrocina Marta e dá visibilidade para suas causas.

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