Futebol Feminino

Jogadoras de futebol resistem à proibição de hijab na França

Jogadoras de futebol resistem à proibição de hijab na França

A norma impossibilita que diversas muçulmanas possam trilhar uma carreira profissional e é contrária às regras aplicadas pela FIFA

“O que queremos é ser aceitos como somos, para implementar esses grandes slogans de diversidade e inclusão”, disse Founé Diawara, presidente do grupo da Les Hijabeuses, formado por jovens jogadoras de diferentes times franceses que usam hijab e uniram forças para fazer campanha contra o que consideram uma regra discriminatória que exclui mulheres muçulmanas do esporte do país. “Nosso único desejo é jogar futebol”, contou a ativista do grupo.

Hijab é o nome dado ao tipo de cobertura usada por muitas mulheres muçulmanas para esconder a cabeça, o rosto ou os ombros. Na maioria das vezes, é um lenço ou xale. Geralmente cobre o cabelo, o pescoço e os ombros da mulher.

Nem toda mulher muçulmana usa o hijab, mas em algumas regiões como o Irã e a província de Aceh, na Indonésia, o acessório é exigido por lei. Na maioria dos lugares é uma questão de costume e as mulheres optam por usar o hijab, o que normalmente elas escolhem durante a adolescência.

Nas redes sociais do coletivo Les Hijabeuses, as jogadoras se mobilizam para que as regras possam ser alteradas e elas possam entrar em campo da forma como se sentirem à vontade. Na internet elas relembram episódios em que os árbitros as proibiram de entrar em campo, levando algumas a se sentirem humilhadas, a abandonar o futebol e a praticar esportes onde hijabs são permitidos ou tolerados, como handebol ou futsal.

As Hijabeuses têm pressionado as autoridades do futebol francês para derrubar a proibição. Elas enviaram cartas, se reuniram com dirigentes e até fizeram um protesto, mas não obtiveram sucesso.

A Federação Francesa de Futebol proibiu anos atrás que as jogadoras que participassem de competições no país usassem símbolos religiosos aparentes, como hijabs. Embora a FIFA permita que jogadoras usem o acessório, a França argumenta que se liberasse o uso do hijab romperia com o princípio da neutralidade religiosa em campo.

A medida é bastante polêmica e embora seja excludente para as mulheres muçulmanas, parece bem aceita entre os franceses. No país seis em cada dez pessoas apoiam a proibição dos hijabs nas ruas, de acordo com uma pesquisa recente da empresa de pesquisas CSA.

A candidata à presidência Marine Le Pen, que enfrentará o presidente Emmanuel Macron no segundo turno prometeu que, se eleita, proibirá o véu muçulmano nos espaços públicos, o que consolida ainda mais a proibição do hijab nos torneios do país.

Pierre Samsonoff, ex-vice-chefe do ramo amador da Federação Francesa de Futebol, disse que a questão inevitavelmente ressurgirá nos próximos anos, com o desenvolvimento do futebol feminino e a realização das Olimpíadas de 2024 em Paris, que contará com atletas de países muçulmanos.

As jogadoras resistem à proibição e seguem lutando para praticarem o amor pelo futebol, assim como a maioria de nós. Que esta conquista em breve seja possível para que tenhamos uma barreira a menos no caminho de todas, independente da crença, cor ou classe social.

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