Futebol Feminino

Brasil recebe inspeção da FIFA e fortalece disputa para sediar Copa Feminina de 2027

Brasil recebe inspeção da FIFA e fortalece disputa para sediar Copa Feminina de 2027

Rainha Marta é a embaixadora brasileira na campanha pelo Mundial de 2027

“Natural como o futebol”. É com esse lema que a candidatura brasileira para receber a Copa do Mundo feminina de 2027 busca convencer a FIFA e todos os associados com direito ao voto. A escolha da nação anfitriã do próximo Mundial ocorrerá no congresso da entidade em 17 de maio. Antes disso, o projeto será examinado por representantes do órgão durante uma visita programada para este mês, de 20 a 23.

A seleção da embaixadora da candidatura também ocorreu de maneira orgânica. A Rainha Marta é o rosto do vídeo que apresenta o caderno de propostas do Brasil, entregue à FIFA em dezembro.

“Com a desistência da África do Sul, nossos pontos fortes se destacaram em relação às outras candidaturas. Estamos bastante confiantes, mas compreendemos que é uma votação” – Valesca

No vídeo, a jogadora introduz a candidatura de um país reconhecido por ser “onde todos nascem sabendo jogar futebol”, incluindo as mulheres.

Aos 38 anos, Marta ainda almeja fazer parte da lista final da seleção para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. No entanto, no ano passado, despediu-se dos Mundiais após a eliminação do Brasil na fase inicial da Copa da Austrália e da Nova Zelândia.

A vitória da candidatura brasileira pode influenciar sua decisão, dependendo, é claro, da escolha do treinador Arthur Elias. De toda forma, o comitê responsável pela campanha já a considera uma embaixadora, dentro ou fora do campo.

“Essa é uma escolha pessoal dela, e esperamos que ela reconsidere. Ela aceitou fazer o vídeo assim que a convidamos. Ela e a Formiga (que também tem participado da campanha) representam a essência do futebol feminino no Brasil”, conta Valesca Araújo, executiva responsável pelo planejamento técnico e operacional da candidatura brasileira.

Foto: Gazeta Esportiva

ESTRUTURA QUASE PRONTA

Marta não é o único trunfo da campanha brasileira. A jogadora destaca no vídeo alguns dos pontos fortes do projeto local, totalmente financiado pela CBF nesta etapa.

Um desses pontos é que todas as cidades-sede já determinadas contam com estádios de padrão FIFA. Na proposta, o Brasil oferece dez opções: Rio de Janeiro (Maracanã), São Paulo (Neo Química Arena), Belo Horizonte (Mineirão), Porto Alegre (Beira-Rio), Salvador (Fonte Nova), Recife (Arena Pernambuco), Fortaleza (Castelão), Cuiabá (Arena Pantanal), Manaus (Arena da Amazônia) e Brasília (Mané Garrincha). Todos foram construídos ou renovados para a Copa do Mundo masculina de 2014.

MAIS FORÇA NA RETA FINAL

A campanha admite que a candidatura brasileira ganhou impulso com a saída da África do Sul da disputa. Ainda seguem Estados Unidos/México e Alemanha/Bélgica/Holanda. Apesar da influência norte-americana e europeia no cenário do futebol feminino, há aspectos desfavoráveis para elas.

EUA e México têm uma agenda cheia de eventos nos próximos anos, incluindo a Copa do Mundo masculina de 2026. Já a Europa sediou dois Mundiais na última década: na Alemanha (2011) e na França (2019). A FIFA tem priorizado a rotação pelos continentes. Apenas América do Sul e África nunca sediaram a competição feminina.

Outro aspecto é a perspectiva da entidade de levar o torneio para nações que estão em estágios menos desenvolvidos no esporte.

“Com a desistência da África do Sul, nossos pontos fortes se destacaram em relação às outras candidaturas. Estamos bastante confiantes, mas compreendemos que é uma votação”, diz Valesca, destacando que a candidatura conta com o respaldo da Conmebol e é vista como um projeto da América do Sul.

A FIFA não permite uma campanha totalmente aberta, mas algum tipo de lobby poderá ser feito em eventos internacionais. Como os votos da Conmebol, da Concacaf e da Uefa já estão praticamente assegurados, a disputa será para persuadir federações dos continentes africano e asiático.

“O Congresso da Fifa é restrito, mas estaremos lá dois dias antes, com a orelha na porta, tentando captar alguma informação — brinca Valesca.

Vamos ficar na torcida para que a Copa do Mundo Feminina seja nossa, literalmente.

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