Homofobia no futebol feminino: por que precisamos falar disso?
O assunto ainda é tabu e pouco discutido no meio, mas é um dos principais motivos de preconceito e julgamentos para a prática do futebol feminino
Anos de proibição da prática do futebol feminino por mulheres e o machismo estrutural de que é formada a sociedade brasileira, podem ser alguns dos fatores que ainda contribuem para homofobia velada que existe no futebol feminino.
Um assunto que em 2020, já deveria ser mais que estabelecido, ainda é tabu no meio e está diretamente associado ao preconceito e a julgamentos de muitos para a prática do esporte.
Opção sexual não deveria ser colocada à mesa ou no gramado, mas infelizmente ainda é. No último ano, o Brasil foi o 6º país que mais pagou multa à FIFA por homofobia no futebol feminino.
Somente nos últimos 4 anos, as entidades que regem o futebol mundial começaram a punir atos homofóbicos nos estádios e foi somente a partir de 2019 que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passou a ser considerada crime, mas enquanto isso, ainda há muito o que reparar.
A homofobia surge em campo a partir da não aceitação e da intolerância em relação à diversidade, tão importante para constituirmos a sociedade plural e o futebol rico que temos hoje. Não é natural que jogadoras sejam julgadas pelo biotipo que têm, pelo estilo de roupa que vestem, pelo esporte que praticam ou pela opção sexual que definem.
Relativizar a homofobia em campo e fora dele é compactuar com o desprezo, com o ódio e com a violência às pessoas singulares em sua essência. E quando falamos em homofobia, não devemos considerar somente agressões físicas, mas também as verbais.
Precisamos refletir sobre a naturalização de piadas, xingamentos e atitudes preconceituosas que reforçam estereótipos machistas e homofóbicos. Todo e qualquer tipo de violência, tem que ser absolutamente repudiada e punida.
O respeito é o gol mais bonito nos gramados da vida. A sexualidade de uma atleta não deve ser uma barreira para a sua permanência ou ingresso em qualquer tipo de esporte, seja de alto rendimento ou como prática de lazer e saúde.
Toda vez que alguém julga, aponta ou difama uma pessoa que joga futebol feminino por conta de preconceitos estruturais, todas as mulheres – independentemente de sua opção sexual – perdem um pouco. Ficamos mais pobres de conquistas, de direitos, de respeito, de privacidade e até de igualdade.
Golaço mesmo será o dia que todos enxergarem que diversão, talento, amor e entusiasmo não têm gênero, apenas aquela magia única de quem põe a bola no pé e sacode a torcida.
Não deixe de jogar futebol pelos inúmeros motivos listados acima. Chegará o dia em que tudo isso será uma história e nós estaremos aqui, contando que fizemos parte da realização desse sonho: futebol feminino sem homofobia, em construção.